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Como investir na Bolsa de Valores? 5 passos para começar

Viver de renda é sonho de muitos brasileiros, e uma das formas de transformá-lo em realidade é investir no mercado financeiro


Autor: Fabiana Ramos

Publicado em 14 de dezembro de 2022

Viver de renda é sonho de muitos brasileiros, e uma das formas de transformá-lo em realidade é investir no mercado financeiro. Quem já tem as finanças organizadas, reserva de emergência e alguma experiência na renda fixa pode começar a experimentar a renda variável. Acompanhe o conteúdo para saber como investir na Bolsa de Valores.  

Por que é necessária uma corretora?

Antes de tudo, para começar a investir é necessário ter uma conta em uma corretora. Não é possível investir diretamente na Bolsa de Valores, sem nenhuma intermediação.  

A corretora é a responsável por intermediar as negociações de ativos de renda variável entre o investidor e as empresas, afinal não se pode chegar no caixa da Magazine Luiza, por exemplo, e pedir um lote de ações. 

Assista | Reserva de emergência e organização financeira

Como ter acesso a uma corretora de valores mobiliários?

Existem corretoras de valores independentes ou ligadas a algum banco. Basta recorrer ao site da corretora ou baixar o aplicativo.  

Para se tornar cliente, será preciso preencher um cadastro informando dados pessoais, como nome, RG, CPF, data de nascimento, endereço etc.  

Serão pedidas também informações patrimoniais, como renda média, valores dos bens e investimentos financeiros. Além disso, o interessado deverá cadastrar uma conta bancária em seu nome. Por meio dessa conta é que ele poderá enviar e retirar dinheiro da corretora.  

Após a formalização do cadastro, a corretora analisará os dados enviados para poder aprovar a criação da conta.  

Perfil de investidor (suitability)

Uma vez aprovada a conta em corretora (a análise pode durar desde alguns minutos a alguns dias), o interessado será convidado a preencher um formulário, chamado de suitability, que corresponde a um questionário para verificar o perfil de investidor.   

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com a intenção de proteger o investidor e seu patrimônio, determina que as corretoras recolham informações do perfil dos investidores, que pode ser: 

• conservador: que não quer correr riscos; 

• moderado: que visa à segurança, mas aceita correr um pouco de risco em troca de maior rentabilidade; 

• agressivo: está disposto a correr mais risco em troca de retornos maiores. 

De posse desses dados, a corretora terá condições de oferecer produtos de investimento de acordo com o risco que esse investidor deseja correr, respeitando sempre suas características. 

Por exemplo, um investidor que está dando os primeiros passos no mercado financeiro e tem o perfil conservador não deveria receber propostas de investimentos em ativos arriscados, como criptomoedas. O tipo de investimento não é adequado às informações constantes do seu suitability

A não ser que ele assine um termo de ciência de risco, se a proposta de investimento em ativo de risco tiver sido oferecida pela corretora, ela poderá ser responsabilizada por eventuais prejuízos que o investidor venha a sofrer.  

Home broker

Foi-se o tempo em que para comprar e vender ações na Bolsa de Valores era preciso participar daquela confusão de gente que se atropelava e gritava dentro de um grande salão cheio de monitores. A Bolsa de Valores brasileira se modernizou e deixou esse passado apenas na memória de quem já fez parte desse cenário. 

A tecnologia trouxe transparência e tranquilidade a todos. Hoje, as corretoras contam com plataformas online por meio das quais as negociações são feitas. Por meio da internet, o investidor pode comprar e vender ações, opções e contratos futuros, acompanhar cotações em tempo real, montar sua carteira, visualizar a sua custódia, suas ordens enviadas e ainda tem acesso a uma série de outras informações. 

Mas atenção: apesar de o mercado de ações ser aberto a todos, o investidor deve ter ao menos o perfil moderado ou agressivo para poder investir nele. Um investidor de perfil conservador não está aberto a suportar riscos, por isso o mercado de ações não é para ele. 

Passo a passo para operar no home broker

Cada corretora tem a sua própria plataforma com diferenças entre elas. Vamos procurar explicar o básico, que é comum a todas.  

A compra e venda de ações se dá por meio de boleta, que é uma parte constante da plataforma do home broker.  

Após escolher o tipo de ordem (se a operação será válida somente para o dia ou se a ordem se estenderá aos dias posteriores), o investidor deverá inserir o TICKET (ou código) da ação/papel que deseja comprar ou vender. Definirá também a quantidade de ações e o preço unitário que está disposto a pagar (no caso da compra) ou receber (no caso de venda). 

Após essas informações, o investidor deverá informar sua assinatura eletrônica e clicar em comprar ou vender.  

Por exemplo, na boleta acima, o papel escolhido foi da Petrobras, que tem o ticket/código PETR4 (ação preferencial). A quantidade escolhida foi de 100 ações (lote padrão). Na figura o preço unitário da ação, naquele momento, era de R$ 25,17 (aparece em “última negociação”, em vermelho). A oferta pela compra foi feita no valor de R$ 25,15, totalizando o valor de R$ 2.515. Se o preço da ação baixar para R$ 25,15, a ordem será executada.  

Compra fracionada

Vamos supor que o investidor queira participar do mercado de ações, mas ainda não tem capital suficiente para comprar um lote fechado de 100 unidades, que, no nosso exemplo, teria o custo de R$ 2.515. 

Saiba que é possível comprar ações no lote fracionário também. Como assim? As ações podem ser compradas em quantidades que variam de 1 a 99, não sendo preciso, necessariamente, comprar o lote padrão de 100.  

Tomando o mesmo exemplo, caso o investidor deseje comprar 25 ações da Petrobrás, basta acrescentar a letra “F” após o ticket: PETR4F, colocar o número 25 na quantidade e clicar sobre a tecla COMPRAR.  

Mas o valor da ação mudou de um exemplo para o outro. Agora, o preço da ação caiu e a unidade está custando R$ 25,10. O investidor deseja pagar no máximo R$ 25 por ação, totalizando sua oferta em R$ 625. Assim que for encontrado outro investidor que aceite vender pelo preço que ele ofereceu, a negociação será feita. 

Como escolher uma ação?

Como visto, comprar e vender uma ação não é difícil. Basta conhecer um pouco a plataforma da corretora e se familiarizar com ela. Mas é preciso mais que isso para negociar no mercado de ações. 

O mais importante mesmo é saber como escolher uma ação, qual papel comprar. Tudo isso faz parte de uma análise aprofundada, que requer bastante conhecimento e estudo. 

Separamos 5 dicas para se levar em conta na hora de selecionar uma empresa para investir.

  1. Investir em uma empresa significa se tornar sócio dela As empresas que participam da Bolsa de Valores recorreram a ela a fim de captar recursos para ampliar seus negócios e investir em suas próprias atividades. Assim, o investidor que pretende colocar seu capital na empresa precisa saber um pouco sobre ela, sobre sua administração, se dá lucro ou não, se vem crescendo nos últimos meses. Precisa pensar como sócio da empresa, e não apenas como detentor de ação. 

  2. Longo prazo Como no mercado de renda variável (como é o caso da Bolsa de Valores) os preços dos ativos sobem e descem com frequência, é preciso que o investidor tenha paciência. Ele deve saber que os preços dos ativos vão cair em algum momento, mas não pode entrar em desespero. Não dá para perder a paciência, ficar com medo e desistir no meio do caminho. Essa é a receita certa para se perder dinheiro na Bolsa de Valores. E é exatamente por isso que o investidor com perfil conservador não deve investir na renda variável. Ele não suporta o risco e acaba tendo o seu patrimônio prejudicado pela venda antecipada dos ativos

  3. Analise o setor e negócio da empresa Imagine que um investidor tenha papéis de uma empresa do ramo de turismo. Agora, imagine também o quanto esse setor foi prejudicado na pandemia? Por melhor que seja a empresa, todas as ações das empresas do ramo de turismo desvalorizaram naquele período. Em contrapartida, as empresas ligadas à saúde tiveram crescimento, com ações supervalorizadas.  Além de analisar o setor, é preciso se perguntar sobre a própria empresa, de maneira mais prática: você usa os produtos dessa empresa? Recomenda? Pense também como consumidor... se você não gosta dos produtos de determinada empresa, por que acha que ela vai continuar dando lucro no longo prazo? Vale a pena investir nela? 

  4. Diversifique Vale aqui o ditado: não coloque todos os ovos em um cesto só. Diversifique não só as empresas, mas também os setores (energia, commodities, consumo, educação, financeiro, saúde, utilidade pública etc.)

  5. Preço da ação Sempre relacione o preço da ação com o lucro que a empresa gera. Não vá pagar caro por uma ação que, apesar de boa, já está supervalorizada ou por uma que não vale o preço que o mercado está disposto a pagar. No mais, caso tenha interesse em investir na Bolsa de Valores, estude, se informe, acompanhe a empresa, aprenda, leia bastante. E bons negócios!