O que é dólar blue e como funciona a cotação
Saiba o que é essa cotação do dólar no mercado paralelo da Argentina, com negociação extraoficial e ilegal.
Publicado em: 14 de agosto de 2023.
Autora: Marlise Brenol
A Argentina tem sido manchete no noticiário econômico devido à desvalorização da moeda nacional, o peso. Como a moeda nacional está com a cotação mais baixa, turistas de outros países acabam aproveitando o câmbio favorável a eles. No entanto, ao entrar no país, é importante atentar para as operações de câmbio e aos riscos envolvidos, especialmente em relação ao dólar blue, o mercado paralelo da moeda americana.
O dólar blue é uma cotação do dólar no mercado paralelo argentina, em que a negociação ocorre de forma extraoficial, sem autorização do Banco Central do país. Enquanto as cotações oficiais, como o dólar comercial e o dólar turismo, têm preços regulados, o dólar blue varia conforme acordos entre cambistas, doleiros e casas de câmbio não legalizadas. Isso torna a cotação altamente volátil e dificulta a padronização.
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Riscos de comprar pela cotação dólar blue
O principal atrativo do dólar blue é a taxa de câmbio vantajosa em relação ao dólar oficial. Em determinados momentos, pode render significativamente mais pesos argentinos para quem tem dólares ou reais em mãos. No entanto, essa prática é ilegal, uma vez que o mercado paralelo não é regulamentado pelo governo ou pelo Banco Central local.
O turista envolvido com o dólar blue enfrenta diversos riscos, entre eles a possibilidade de receber notas falsas, impossibilitando o uso do dinheiro em compras ou serviços. Além disso, o dinheiro negociado via dólar blue geralmente está relacionado a atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e comércio ilegal de drogas e armas. Esse dinheiro entra na economia sem deixar rastros, tornando difícil identificar a origem.
O dólar blue gira a economia local. Diante da crise econômica da Argentina, muitos argentinos compram dólares para proteger o patrimônio, considerando a desvalorização constante da moeda nacional, o peso. A compra de dólares no mercado paralelo acaba atraindo muita gente, pois o governo geralmente impõe limites para a compra de dólares no câmbio oficial.
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Por que o dólar blue é ilegal
Vale ressaltar, além dos riscos mencionados, as sanções previstas em lei para quem for flagrado realizando operações ilegais. Há possibilidade até mesmo de prisão. É importante os turistas estarem conscientes dos perigos envolvidos e busquem opções legais e seguras para as transações financeiras durante a estadia na Argentina. Isso torna a viagem mais tranquila e segura.
A ilegalidade está relacionada a pelo menos estes aspectos:
- ● Falta de regulamentação: o dólar blue não é regulado nem fiscalizado pelas autoridades monetárias do país. Não existem regras formais estabelecidas pelo governo para a negociação dessa moeda paralela.
- ● Atividades ilícitas: o dólar blue é frequentemente associado a atividades ilegais, como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, comércio ilegal de drogas e armas, entre outras. Essa falta de regulamentação cria um ambiente propício para transações sem rastreamento de recursos de origem duvidosa.
- ● Impacto na economia: o mercado paralelo do dólar blue pode ter um impacto negativo na economia do país, pois as transações nesse mercado não contribuem para a formação de reservas internacionais, dificultando o controle das variações cambiais e a estabilidade financeira.
- ● Desestabilização monetária: a existência de um mercado paralelo de dólar pode levar à desestabilização do câmbio oficial e prejudicar a política monetária do país, dificultando o controle da inflação e a gestão da moeda.
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Por que o dólar blue ainda circula no mercado
Apesar de ser ilegal e sujeito a riscos, o dólar blue ainda circula no mercado argentino devido a uma série de fatores e circunstâncias específicas da condição política e social do país. Algumas razões que explicam a persistência do dólar blue no mercado são:
- ● Crise econômica: a Argentina tem enfrentado uma crise econômica prolongada com alta inflação e desvalorização do peso. Diante da perda do poder de compra da moeda local, muitas pessoas buscam alternativas para proteger ativos e fazer frente à instabilidade econômica, recorrendo ao dólar blue como forma de refúgio.
- ● Restrições cambiais: o governo argentino impõe restrições e controles cambiais para tentar conter a fuga de divisas e preservar as reservas internacionais do país. Essas restrições limitam a quantidade de dólares que os cidadãos podem comprar oficialmente, e isso acaba incentivando a busca por alternativas não reguladas, como o mercado paralelo.
- ● Escassez de dólares oficiais: a demanda por dólares oficiais costuma ser maior que a oferta permitida pelas regulamentações governamentais. Com a oferta limitada e as restrições para adquiri-los legalmente, as pessoas recorrem ao dólar blue como uma alternativa para obter a moeda estrangeira.
- ● Necessidade de reservas em dólares: alguns setores da economia e até mesmo empresas e indivíduos buscam reservas em dólares para se proteger da volatilidade do peso ou para realizar transações comerciais internacionais, e isso pode levar à busca por alternativas fora do mercado oficial.
Embora haja medidas para reprimir o mercado paralelo e combater a circulação do dólar blue, a persistência dessa prática demonstra a complexidade dos desafios econômicos enfrentados pelo país. Os cidadãos e turistas devem estar cientes dos riscos envolvidos na negociação do dólar blue e optar por operações legais e seguras para as transações financeiras durante a estadia na Argentina.