Saia da poupança e saiba como investir no Tesouro Direto
Como fazer o dinheiro render e ganhar mais do que a caderneta de poupança? Saiba como investir no Tesouro Direto.
Autor: Fabiana Ramos
Publicado em 14 de dezembro de 2022
Ainda não sabe como sair da caderneta de poupança? Não perca mais tempo. Saiba como investir no Tesouro Direto, a aplicação financeira mais segura do país.
O que é o Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um programa da Secretaria do Tesouro Nacional feito em parceria com a B3 (Bolsa de Valores brasileira) que permite a negociação de títulos públicos federais para pessoas físicas. A venda dos títulos acontece em uma plataforma online.
Até 2002, ano de criação do Tesouro Direto, os títulos públicos federais eram vendidos somente a grandes investidores instituicionais, como bancos e fundos de investimento. Essas instituições compravam (e ainda compram) os títulos públicos para fazerem parte de suas carteiras de ativos.
Ainda que uma pessoa física tivesse bastante capital, não poderia comprar os títulos públicos diretamente, somente por meio dos fundos.
Com o objetivo de democratizar os investimentos, foi criado o programa do Tesouro Direto, que permitiu a pessoas físicas negociar diretamente a compra dos títulos públicos federais, com investimento incial a partir de R$ 30.
Título público federal
O título público é um título de dívida. É federal porque emitido pelo governo federal.
O governo tem diversos gastos com infraestrutura, educação, saúde, segurança, entre outros. Para fazer frente a todas essas atividades, uma das formas que ele tem para arrecadar dinheiro, além da cobrança de impostos, é por meio do dinheiro da venda de títulos de dívidas.
Funciona como um empréstimo: o investidor empresta dinheiro ao governo e este paga juros pelo dinheiro recebido em adiantamento. Essa negociação é formalizada por meio de um título público (que hoje é digital).
Ou seja, o governo tem uma dívida com o investidor: em determinada data (prazo de vencimento do título, ou quando for solicitado), ele precisa devolver o valor principal mais os juros que foram acordados.
Este é justamente o conceito de renda fixa: um empréstimo feito a uma instituição (pública ou privada) com a promessa de recebimento de juros.
Tipos de títulos públicos
Existem 3 tipos de títulos públicos. Na verdade, o que difere cada um deles é a forma de remuneração dos juros: prefixados, pós-fixados e híbridos (parte prefixada e parte pós-fixada). Vamos ver cada um:
1 - Títulos prefixados (LTN e NTN-F)
É aquele em que o investidor já sabe o quanto terá de rentabilidade desde o momento da compra. A rentabilidade é pré-acordada.
Dependendo do tipo de título, o pagamento dos juros se dará na data de vencimento indicada no título ou a cada 6 meses, por conta do pagamento dos juros semestrais.
Exemplo: Tesouro prefixado 2025 (13,05%) ou Tesouro prefixado com juros semestrais 2033 (12,92%)
O investidor, ao comprar o título, sabe qual será o índice de correção dos juros, mas não sabe o valor exato da rentabilidade. Isso porque a rentabilidade será determinada pela taxa Selic, e essa é uma taxa de juros que não é fixa. Ela varia de acordo com as decisões tomadas pelo COPOM (Comitê de Política Monetária), que se reúne ao menos 8 vezes ao ano para estabelecer o seu valor.
Exemplo: Tesouro Selic 2027
- 3 - Títulos híbridos (NTN-B Principal e NTN-B)
Os títulos híbridos são remunerados de 2 formas: parte dos juros são pós-fixados e parte são fixos.
A parte pós-fixada é vinculada a um índice de correção monetária (IPCA, IGPM) e, como já explicado, será conhecida somente no futuro, de acordo com a variação daquele índice econômico.
A parte prefixada, como em qualquer outro título prefixado, já é conhecida no momento da aplicação e compra do título.
4 - Exemplo: Tesouro IPCA+ 2026 (IPCA + 6,10%)
Existem também os títulos híbridos que pagam juros semestrais, como é o caso do Tesouro IPCA com juros semestrais 2032 (IPCA + 6,13%)
Obs: as taxas de juros variam diariamente. Pode ser que, na data de leitura do artigo, o leitor encontre o título mencionado, mas com outros de rentabilidade.
Segurança
Por ser uma dívida contraída com o governo, os investimentos em títulos públicos são bastante seguros, atraindo a atenção mesmo dos investidores iniciantes ou mais conservadores. Não podemos dizer que é um investimento isento de risco, pois nenhum investimento tem risco zero. Uma coisa é certa: é o investimento mais seguro que existe.
Todos os títulos públicos federais são garantidos pelo Tesouro Nacional, ou seja, o próprio governo federal assegura o pagamento dessa dívida. E o que isso significa? Significa que o governo é que controla a economia e é o responsável pela emissão do papel-moeda no país. Caso veja que não vai conseguir pagar a dívida, o governo decide pela “impressão de mais dinheiro”, ainda que esta seja uma decisão muito ruim para o país, pois tende a aumentar a inflação.
Com isso, a chance de o governo federal “dar calote” é quase nula.
Liquidez
Outra vantagem também diz respeito à liquidez do título. Liquidez é a rapidez com que podemos transformar um ativo em dinheiro. Os títulos públicos federais podem ser vendidos a qualquer momento, pois o governo assumiu o compromisso de recomprar os seus títulos diariamente.
Isso significa que o investidor pode vender os seus títulos a qualquer momento, sem a necessidade de esperar a data de vencimento para receber o seu dinheiro de volta.
Quem pode investir no Tesouro Direto?
Somente pessoas físicas podem investir por meio da plataforma do Tesouro Direto. Para isso, basta possuir um CPF e ter uma conta cadastrada em uma corretora de valores.
Custos
A B3, nossa bolsa de valores, além de disponibilizar informações e movimentações de saldos dos títulos aos investidores, também mantém a guarda deles e cobra, por esse serviço, uma taxa de custódia, que equivale a 0,25% ao ano sobre o valor investido. A cobrança é semestral.
Os investidores que têm até o valor de R$ 10.000 em títulos do Tesouro estão isentos do pagamento da taxa de custódia.
Em relação à tributação, os investidores também pagam o imposto de renda que incide sobre a rentabilidade do investimento. A tribuitação é regressiva, significando que, quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menos pagará de IR.
Vamos supor que um investidor compre um título do Tesouro e, após 1 ano e meio, decida vendê-lo. O valor aplicado foi de R$ 2.000 e a rentabilidade foi de R$ 150. O IR cobrado será de 17,5% sobre os R$ 150 (rentabilidade) e não sobre os R$ 2.150. Ele terá de pagar R$ 26,25 de Imposto de Renda.
Detalhe: o Imposto de Renda é retido na fonte, isto é, quando o investidor solicita o resgate do título, o valor recebido já é o líquido.
Caso o investidor decida resgatar sua aplicação com menos de 30 dias, haverá também a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Esse imposto também é calculado somente sobre a rentabilidade, com alíquotas que vão de 0% a 96%.
Assista também | Erros mais comuns na declaração de Imposto de Renda
Como investir
Todos aqueles que querem investir no Tesouro Direto precisam se cadastrar e abrir uma conta em uma corretora de valores. Após essa etapa, recebe um e-mail para completar o seu cadastro no site do Tesouro Direto.
Em seguida, o investidor deve transferir o dinheiro de sua conta bancária para a conta da corretora.
Logo depois, deve escolher o título em que pretende investir, sempre levando em conta seus objetivos, escolher a quantidade (se o título inteiro ou uma fração do título) e enviar a ordem de compra.
Pronto! Parabéns, você agora já pode investir! Basta acompanhar as movimentações por meio dos extratos enviados em sua caixa de e-mail. Bons investimentos!