Juros de crédito rotativo: entenda o que são
Veja por que eles podem prejudicar a vida financeira e o que fazer para não cair nessa armadilha.
Atualizado em: 25 de julho de 2023
Autora: Elaine Ortiz
Muito se fala da importância de usar o cartão de crédito com cautela. Não é para menos: se não pagar as faturas em dia, podem aparecer os juros de crédito rotativo, que transformam contas pequenas em grandes dívidas.
Entender o que são juros de crédito rotativo, como funcionam e as consequências do uso para o orçamento ajuda a escapar dessa modalidade de crédito cara.
Assista | Juros rotativos: o que são e como evitar
O que são juros do rotativo? E crédito rotativo?
Juros do rotativo e crédito rotativo são expressões para definir a mesma prática. O crédito disponível no cartão de crédito (o “limite”) nada mais é que um empréstimo oferecido pelo banco ou instituição financeira. Ao longo do mês, esse valor pode ser usado para fazer compras à vontade, mas deve ser pago até a data de vencimento da fatura.
Se por algum motivo o titular do cartão não conseguir pagar o valor total da fatura, o banco pode permitir o pagamento do valor mínimo. O débito passa para a fatura do mês seguinte e são cobrados juros rotativos (ou crédito rotativo) sobre esse valor.
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Qual é o valor dos juros rotativos?
Os juros rotativos variam mensalmente, mas sempre ficam entre os mais altos do mercado: segundo o Banco Central, em maio de 2023 a média dos juros do rotativo era de 455% ao ano. Isso representa juros de 15,18% ao mês.
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Regras do crédito rotativo
Em abril de 2017, o Banco Central estabeleceu novas regras para os juros de crédito rotativo. Vamos explicar como era e o que mudou.
Até esse período, bancos e instituições financeiras tinham autorização para oferecer cartão de crédito rotativo de maneira ilimitada. Então as pessoas entravam no rotativo do cartão e muitas vezes também não conseguiam pagar a fatura no mês seguinte, já que com os juros altos a dívida crescia de maneira desenfreada.
Muita gente estava se endividando nessa dinâmica e por isso o governo mudou as regras. Os consumidores hoje ainda podem usar o crédito rotativo, mas só por 30 dias.
Se ele não conseguir pagar o valor total da fatura do mês seguinte, que inclui o crédito rotativo, a instituição financeira deve transferir essa dívida para alguma opção mais barata ao cliente – como o crédito parcelado e outras modalidades de empréstimo pessoal com juros menores.
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Como funciona o parcelamento do cartão de crédito rotativo
Normalmente as instituições financeiras informam no contrato que podem parcelar automaticamente o saldo do crédito rotativo, mas com juros menores que os do cartão de crédito rotativo.
No entanto, é possível pedir o cancelamento das cláusulas do contrato referentes a parcelamentos automáticos. Por isso, antes de abrir uma conta ou contratar qualquer serviço financeiro, leia bem os contratos para conhecer seus direitos.
Outro ponto importante é que a instituição financeira deve incluir tudo de forma clara e detalhada na fatura do cartão: o valor da parcela original, os juros cobrados e qualquer outra informação relevante para que o cliente saiba o que está pagando.
De acordo com o Banco Central, ao cair no rotativo, o cliente pode aceitar as opções de empréstimo oferecidas pela instituição ou negociar as condições com a empresa, se preferir.
Os bancos não são obrigados a parcelar o saldo do cartão de crédito rotativo, mas precisam oferecer condições de pagamento melhores do que essa, incluindo juros mais baixos.
Não paguei o crédito rotativo. O que pode acontecer?
Se o cliente entrar no crédito rotativo, não conseguir pagar a dívida no fechamento da fatura seguinte e não aceitar nenhuma outra forma de parcelamento do valor devido, poderá ter o nome negativado, ou seja, ter o nome inscrito em um cadastro de inadimplentes, o que dificulta o acesso a outras modalidades de crédito enquanto a dívida não for negociada.
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Como fugir dos juros rotativos
Para não cair no crédito rotativo, é fundamental manter o controle sobre as finanças.
Um dos grandes problemas do cartão de crédito começa quando a pessoa confunde limite disponível com saldo em conta. Lembre-se sempre que o valor liberado no cartão é uma espécie de empréstimo e não reflete necessariamente sua possibilidade de pagamento.
Por isso, em vez de considerar o valor do limite disponível, avalie o total das receitas e das despesas mensais para saber quanto realmente é possível gastar por mês com o cartão de crédito.
Confira dicas para usar o cartão de crédito com responsabilidade:
- ● Pague em dia
Acompanhe sempre a data de pagamento da fatura. Marque na agenda, use alertas no celular ou, se possível, programe o pagamento para débito automático em conta.
- ● Acompanhe a fatura ao longo do mês
Quando olhamos a fatura apenas no dia do pagamento, podemos nos surpreender com o valor. Os gastos do cartão precisam ser checados várias vezes ao longo do mês, dessa forma é mais fácil ter consciência do uso do crédito e de quanto será a fatura mensal.
- ● Estabeleça um limite pessoal
O limite de crédito oferecido pelo banco não deve ser seu limite de uso. Determine um valor máximo por mês, que caiba no orçamento. A recomendação dos especialistas é que o comprometimento total com crédito não ultrapasse 30% da renda. Portanto, para uma pessoa que ganha um salário de R$3.000, o comprometimento não deve ser maior que R$900. Nessa conta precisam constar todos os tipos de endividamento, como parcelas em lojas e financiamentos.
- ● Controle as compras parceladas
Alguns cartões permitem parcelar compras em até 12 vezes sem juros, o que deixa qualquer dívida mais controlada. Entretanto, esse é um recurso para ser usado com cautela. Fazer vários parcelamentos longos pode comprometer consideravelmente a renda familiar por muito tempo.
Tenha um bom controle do cartão de crédito
Outro cuidado importante é encarar o cartão como um meio de pagamento, e não como uma despesa qualquer.
Muita gente tenta registrar os gastos para controlar o orçamento e coloca o valor da fatura do cartão de crédito no meio de despesas como água, luz, telefone e aluguel. Mas ao anotar apenas que gastou R$500 de cartão de crédito, por exemplo, não se consegue visualizar as categorias de compras que realmente estão por trás desse número.
Ao destrinchar esse valor e olhar para a fatura com mais cuidado, fica mais fácil enxergar oportunidades de redução de custos e ajustar melhor os gastos de acordo com os ganhos, para não cair nos juros rotativos.
Por fim, mais uma dica: grande parte das instituições financeiras já oferece a possibilidade de reduzir o limite do seu cartão de crédito online. Esse recurso pode ser útil a quem precisa de ajuda extra para controlar os gastos.
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