Juro de mora: o que é, como calcular e como evitar
Entenda o que é juro de mora, saiba como calcular essa cobrança e o que fazer para evitar esse acréscimo nas despesas.
Publicado em: 02 de dezembro de 2021.
Se você já pagou alguma conta em atraso, pode ter se deparado com a cobrança do juro de mora, também chamado de juros moratórios. Mas você sabe o que isso quer dizer?
Quando a gente perde o prazo de pagamento de algumas despesas, acaba sendo cobrado por um valor além das multas. Esses juros são aplicados como uma espécie de compensação para “punir” o atraso no pagamento de um boleto ou fatura. A ideia é que, com essa cobrança, o consumidor seja estimulado a pagar suas contas em dia.
Neste conteúdo, vamos explicar com mais detalhes o que é o juro de mora, como calcular essa cobrança e as suas diferenças em relação a outros tipos de juros. E mais: também separamos algumas dicas para você evitar dificuldades financeiras e não precisar pagar essas tarifas, que, sem que você perceba, podem prejudicar ainda mais o seu orçamento. Vamos lá?
O que é o juro de mora?
Quando o consumidor atrasa o pagamento de uma conta, o credor faz uma cobrança para compensar esse atraso: o juro de mora.
Essa tarifa é cobrada sobre o valor que está em aberto e vai crescendo de acordo com o tempo de atraso na quitação. Em outras palavras, quanto mais tempo uma conta fica sem ser paga depois do seu vencimento, maior será a aplicação desses juros.
Na prática, os juros de mora são calculados sobre o valor da parcela em atraso e sobre o tempo em que a conta está atrasada. Mas esse percentual não pode passar de 1% ao mês, de acordo com o limite estabelecido pelo Código Civil e pelo Código Tributário Nacional.
Isso não quer dizer que os juros de mora são inofensivos. Dependendo do valor da conta e do tempo de inadimplência, essa cobrança pode tomar uma parte importante da sua receita mensal, que poderia ser usada para muitas outras finalidades.
E como calcular os juros de mora?
Para fazer o cálculo de juros de mora, considere que a taxa máxima dessa cobrança é de 1% do valor da dívida ao mês. Quando o atraso for menor do que 30 dias, o cálculo será feito de forma proporcional: 0,0333% por dia de atraso, multiplicado pelo valor da conta. Para ficar mais claro, vamos a um exemplo.
Suponhamos que você deve uma prestação de R$ 1.000 com uma taxa máxima de juros de mora, de 1% ao mês. O vencimento dessa prestação foi no dia 5 do mês, mas você só conseguirá pagar a conta no dia 25.
Então, o cálculo de juros de mora ficará assim:
1000,00 x ( 1% ÷ 30 ) x 20 dias de atraso = 1000 x 0,67% = R$ 6,70
Então, o valor final a pagar, com os juros de mora aplicados, será de 1000,00 + 6,70 = R$ 1006,70.
Note que, neste exemplo, os juros de mora aplicados sobre a conta parecem baixos, né? Mas não se deixe enganar. Além dessa tarifa, os credores costumam aplicar outras cobranças maiores sobre o atraso do pagamento, que podem transformar a sua dívida em uma verdadeira bola de neve.
Isso porque há diversas situações em que podem ser cobrados os juros de mora: crédito pessoal e cartão de crédito são alguns dos exemplos mais comuns.
Quando você atrasa o pagamento do cartão de crédito, por exemplo, ainda pode entrar no chamado crédito rotativo, que também cresce com o passar do tempo e por si só já é altíssimo. Em outubro de 2021, a taxa média registrada pelo Banco Central foi de 344% ao ano, em média.
Qual é a diferença entre multa e juros de mora?
Depois de conferir esse exemplo de cobrança por atraso no pagamento, você pode estar em dúvida sobre qual é a diferença entre multa e juros de mora.
Basicamente, os juros são aplicados de acordo com a legislação brasileira, enquanto as multas só são cobradas por aquilo que está definido em contrato. O Código de Defesa do Consumidor determina que essa cobrança não pode ultrapassar 2% do valor do boleto devido.
Quer mais um exemplo? Se você violar o prazo de pagamento de um boleto em apenas um dia ou 20 dias, a multa aplicada será a mesma, pois ela tem um valor fixo. Os juros de mora, por sua vez, são proporcionais e cobrados somente sobre a parcela que se deve.
Vale lembrar que multa e juros de mora podem muito bem ser cobrados juntos – o que, como já mencionamos, pode tornar o seu prejuízo ainda maior. Por isso, reforçamos: nunca se apegue apenas ao valor dos juros de mora. Lembre-se sempre de avaliar todas as cobranças que incidem sobre a sua dívida atrasada para entender o real impacto da inadimplência no seu bolso.
Voltando ao exemplo do cálculo que mostramos, vamos entender o quanto se paga de multa por atraso e juros de mora naquela mesma conta de R$ 1000 atrasada em 20 dias, sob as piores condições de cobrança de multa para um consumidor: de 2%.
Multa por atraso: 1000,00 x 2% = R$ 20,00
Juros de mora: 1000 x 0,67% = R$ 6,70
Então, a soma do valor a ser pago com juros e multa é de 1000 + 20 + 6,70 = R$ 1026,70. Percebeu como a diferença ficou maior?
Outro caso de multa de mora ocorre em negociações entre duas pessoas jurídicas firmadas em contrato. Em situações assim, a multa de mora pode variar de 10% a 20% sobre o valor determinado em contrato.
Juros moratórios e compensatórios são a mesma coisa?
Os juros de mora (ou juros moratórios), como mencionamos, funcionam como uma punição pelo atraso no pagamento e podem ser evitados se o consumidor pagar as contas em dia.
Já os juros compensatórios (ou juros remuneratórios) funcionam de maneira totalmente diferente: não há nenhuma punição envolvida. São os juros cobrados sobre o valor de um empréstimo, e são sempre informados no momento de aquisição do crédito, como no processo de contratação de um empréstimo pessoal.
Por isso, quando você for calcular o custo efetivo total (CET) de um empréstimo ou financiamento, que representa a soma de todas as taxas que incidem sobre o valor do crédito
solicitado, você também vai encontrar os juros compensatórios como remuneração pelo “empréstimo”.
Neste vídeo do Serasa Ensina, você pode entender como funciona o Custo Efetivo Total e a importância de conhecê-lo para contratar ofertas de crédito mais vantajosas:
Como evitar o pagamento de juros moratórios
Ficar pagando multas e juros de mora por atraso nas contas pode prejudicar e muito o seu orçamento. A melhor forma de evitar essas cobranças desnecessárias em boletos e faturas é organizar as contas para não deixar que elas vençam.
Uma alternativa interessante é colocar todas as contas possíveis no débito automático. Também vale a pena agendar lembretes do celular alguns dias antes do vencimento dos boletos e pagamentos mensais e, principalmente, manter controle de gastos para não acabar se enrolando com as contas que importam.