Endividamento das famílias é de quase 80%
As dívidas podem afetar o ambiente familiar. Veja como evitar o endividamento com a colaboração de todos.
Publicado em: 23 de maio de 2023
Autora: Mariana Furlan
A cada 10 famílias brasileiras, 8 têm dívidas. Essa tem sido a taxa média de endividamento das famílias, medida pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em abril de 2023, 78,3% dos núcleos familiares do país tinham dívidas. Em 2022, a média total foi de 77,9%, valor recorde desde que o levantamento começou a ser feito pela confederação, em 2011.
Entenda o que tem causado o endividamento das famílias e cuide para que as dívidas não tragam consequências negativas à vida doméstica.
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Todas as famílias endividadas estão inadimplentes?
Não, e é importante diferenciar esses conceitos. Uma família endividada é aquela que assumiu um pagamento e está com parte da renda total do mês comprometida – pode ser um financiamento, crediário, fatura de cartão. Ainda que o pagamento seja feito em dia, o endividamento alto é sempre um alerta, porque compromete a capacidade de pagamento das pessoas e pode levar à inadimplência.
A inadimplência ocorre quando as dívidas estão em atraso. De acordo com a mesma pesquisa da CNC, em abril de 2023 quase um terço das famílias no Brasil estavam inadimplentes.
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As consequências do endividamento excessivo
O endividamento no Brasil representa um ponto de atenção para a economia. Quando aumenta o endividamento da população, crescem também os riscos dos bancos e o custo do crédito. Nesse cenário, conseguir um empréstimo fica mais difícil para todo mundo.
Na esfera privada o endividamento das famílias e a inadimplência também têm impactos. Dívidas excessivas podem levar a uma redução do padrão de consumo e até à perda de patrimônio.
De acordo com a psicóloga Valéria Meirelles, da Serasa, especialista em Psicologia do Dinheiro, as dívidas trazem impacto para a vida social e o relacionamento com os familiares. A pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2022, realizada pelo Instituto Opinion Box em parceria com a Serasa, revelou que 51% dos entrevistados endividados afirmam sentir vergonha por conta da situação.
O impacto do endividamento no comportamento dos brasileiros
Por que as famílias estão endividadas?
A pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2022 indicou que no ano passado o principal tipo de dívida do brasileiro era o cartão de crédito (53%). Mais da metade desses gastos com cartão (65%) correspondiam a compras em supermercado. As famílias precisam do crédito para comprar alimentos, mas a renda mensal não dá conta de manter esse gasto essencial.
Depois dos mantimentos, o segundo maior gasto com cartão (48%) corresponde a compras de produtos, como roupas, calçados e eletrodomésticos.
Dívidas: a família toda pode ajudar
Para reverter e evitar essa situação de dívidas – tanto nas compras do mercado quando em itens no comércio, por exemplo – é importante a colaboração de toda a família. A psicóloga Valéria Meirelles avalia que existe um duplo papel da família quando o assunto é dívida: ao mesmo tempo que ela representa um porto seguro para muitas pessoas, estar negativado gera também muita vergonha diante dos familiares.
Valéria afirma que “é importante a inclusão de toda a família como protagonista no uso do dinheiro e dos recursos, pois essa atitude incentiva a responsabilidade coletiva”. Ela acredita que a melhor alternativa seja ser sempre transparente perante os familiares.
A pesquisa também revela que 58% dos entrevistados nunca mentiram ou esconderam a situação financeira dos familiares, mas 63% sentiram impacto no relacionamento com a família por causa das dívidas.
Como evitar o endividamento em família
Veja dicas de como fazer toda a família colaborar para a redução de gastos:
- ● Faça uma planilha
Não dá para escapar desse passo: é preciso colocar no papel todos os gastos da família e confrontar com o dinheiro que entra. Depois dessa organização, pode ficar evidente o que deve ser cortado dos custos para que não faltem recursos todo mês.
- ● Planeje as refeições
Considerando que um dos maiores gastos é com supermercado, seja racional ao fazer as compras de alimentos. O ideal é sempre ter uma lista, já com as refeições da semana planejadas. Isso evita compras desnecessárias e comida desperdiçada na geladeira.
- ● Procure promoções e descontos
Economizar nas compras de mercado exige tempo e pesquisa, mas vale a pena. Mapeie os dias de promoção de carne e hortifrúti, por exemplo, e avalie quais produtos podem ser comprados em maior quantidade, em supermercados de “atacarejo”.
- ● Economize em casa
Com a colaboração de todos, é possível reduzir as faturas das contas de água, energia elétrica e gás. Além disso, a família também pode estabelecer um limite mensal para refeições de delivery, por exemplo.
- ● Estabeleça uma mesada
Se a família tiver crianças ou adolescentes, é importante determinar uma mesada mensal e não ultrapassar esse valor. Além de contribuir para o planejamento do mês, é uma forma de ensinar os filhos a usar o dinheiro com consciência.
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