Juros nominais e juros efetivos: entenda a diferença
Confira a diferença entre juros nominais e juros efetivos e descubra como eles podem afetar seus investimentos.
Autor: Fabiana Ramos
Publicado em 27 de fevereiro de 2023
Quem nunca pagou juros que atire o primeiro boleto! Brincadeiras à parte, os brasileiros estão mais que acostumados com o termo “juros”, mas nem todo mundo conhece os conceitos por trás dele. Neste artigo vamos tratar da diferença entre juros nominais e juros efetivos. Confira!
O que são juros
Quando alguém pega um empréstimo, seja de um banco ou de outra instituição financeira, concorda que, além do valor emprestado, haverá também um pagamento adicional pelo “aluguel” do dinheiro. Essa quantia adicional é conhecida como juros.
Agora vamos inverter a situação: quando alguém tem dinheiro “sobrando”, uma forma de rentabilizá-lo é emprestando a alguém ou a uma empresa. A rentabilidade vem justamente dos juros, remuneração extra cobrada pelo uso do dinheiro.
Juros: pagar ou receber?
Os juros são ao mesmo tempo uma forma de remuneração para os emprestadores de dinheiro e de encarecimento do débito para os tomadores do empréstimo.
Se alguém pega um empréstimo no valor de R$1.000 com juros de 10% ao ano, ao final desse primeiro ano, precisará pagar os R$1.000 mais 10% desse valor, ou seja, R$1.100. A mesma coisa acontece com quem emprestou: receberá em um ano R$100 a mais do que emprestou.
Podemos concluir que os juros representam o custo de emprestar dinheiro e são uma forma de compensar o emprestador pelo risco e pelo tempo envolvidos no empréstimo.
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O que são juros nominais?
Juros nominais são a taxa de juros anunciada ou acordada entre o emprestador e o tomador de um empréstimo, antes de qualquer ajuste ou correção. Em outras palavras, os juros nominais são o valor bruto da taxa de juros, sem levar em consideração fatores que possam afetar o valor real da taxa, como a inflação.
Vamos ver o caso de João, que sempre sonhou com a casa própria. Ele trabalha arduamente e poupa todo o dinheiro que pode. Há 5 anos ele decidiu investir em uma caderneta de poupança.
Os juros nominais são a taxa de juros declarada pelo banco ou instituição financeira, sem considerar a inflação. João escolheu a poupança por ser uma opção segura e fácil de entender, e começou a depositar parte de seu salário todo mês. Confira o rendimento nominal ano a ano:
• 2018: a poupança rendeu 4,62%.
• 2019: a poupança rendeu 4,26%.
• 2020: a poupança rendeu 2,11% (pandemia).
• 2021: a poupança rendeu 2,94% (pandemia).
• 2022: a poupança rendeu 7,90%.
Com o tempo, João percebeu que os juros estavam ajudando a aumentar o valor do investimento. Embora ele não estivesse ganhando tanto quanto gostaria, sabia que a poupança era uma opção segura e estável. Ele continuou investindo e poupando rumo à conquista de seus sonhos. Porém, decidiu conversar com um amigo que era consultor financeiro.
O amigo consultor de João explicou que, embora o valor depositado na caderneta de poupança estivesse rendendo, na verdade houve anos em que ele “perdeu dinheiro” em vez de ganhar.
João não concordou, afinal via no extrato que o valor não parava de crescer.
Acontece que, para verificarmos se um investimento é realmente lucrativo, precisamos analisar o poder de compra do dinheiro.
O que são juros efetivos?
Os juros efetivos, também conhecidos como juros reais, levam em conta a inflação, ou seja, o aumento de preços de bens e serviços na economia.
Então, para analisarmos os juros reais de qualquer investimento, é preciso “descontar” a inflação dos juros nominais (os juros informados).
Vamos analisar novamente os ganhos efetivos de João nos últimos 5 anos de caderneta de poupança, mas agora junto com a inflação de cada ano.
Perceba que, se descontarmos a inflação do rendimento informado pela caderneta de poupança, em 3 anos o dinheiro de João rendeu negativamente e os 2 anos positivos tiveram baixo rendimento. Caso não houvesse inflação, a caderneta de poupança seria um ótimo investimento, mas essa não é a realidade.
Detalhe: isso não acontece somente com a caderneta de poupança, mas com todos os tipos de investimento. Por isso, é importante sempre investir em produtos que rendam acima da inflação para que haja um ganho efetivo de lucro sobre o dinheiro aplicado.
Assista | Por que pagamos juros?
Como calcular a taxa de juros nominal e efetiva
Como vimos, a taxa de juros nominal é a taxa declarada pelo banco ou instituição financeira, sem levar em consideração a inflação. Para calcular a taxa de juros nominal, basta aplicar a seguinte fórmula:
M = C (1+i)t
Exemplo :
Capital: R$ 10.000
Taxa de juros nominal: 1% ao mês
Tempo: 12 meses
M = 10.000 (1+0,01)12
M = 10.000 × 1,12
M = R$11.200
Para identificar quanto a aplicação renderá de juros compostos, basta subtrair pelo capital inicial:
Juros = 11.200 – 10.000 = R$1.200
A taxa de juros efetiva, também conhecida como taxa de juros reais, leva em consideração a inflação, demonstrando o rendimento real em determinado período. Para calcular a taxa de juros efetiva, é preciso utilizar a seguinte fórmula:
Juros efetivos = (1 + in) = (1 + r) * (1 + j)
Exemplo:
Capital: R$ 10.000
Taxa de juros nominal: 12% ao ano
Tempo: 12 meses
Inflação: 5% ao ano
Calcular a taxa de juros real, usando a fórmula:
r = (1 + in) / (1 + j) - 1
r = (1 + 0,12) / (1 + 0,05) - 1
r = 0,0657 ou 6,57%
Calcular o valor futuro do investimento após um ano, usando a fórmula:
FV = PV * (1 + r)
FV = 10.000 * (1 + 0,0657)
FV = 10.657
Ou seja, considerando a inflação, o investidor obteve, ao final do período, um valor de R$10.657. Para identificar quanto a aplicação renderá de juros compostos, basta subtrair pelo capital inicial:
Juros reais = 10.657 – 10.000 = R$657
Portanto, o valor futuro real do investimento após um ano seria de 10.657. Note que essa é apenas uma estimativa: o valor real pode ser diferente devido a vários fatores, como mudanças na inflação e na taxa de juros.
Renda extra
Somente analisando os juros efetivos é possível analisar se um investimento é realmente lucrativo. Para haver lucro, é necessário que os juros nominais ultrapassem a inflação do período.
Esse rendimento extra pode ser usado inclusive para pagar dívidas. Quando as dívidas são negociadas e pagas de forma eficiente, a vida financeira melhora e aumenta a capacidade de investir.
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