Black Friday ou Black Fraude? Pesquisa aponta desconfiança do consumidor
*Por Lise Brenol
Os golpes durante a Black Friday podem trazer sérios prejuízos ao consumidor. Saiba como evitar as fraudes e o que fazer caso venha a se tornar uma vítima.
A Black Friday se consolidou na última década como uma importante data de vendas para o comércio. O evento acontece sempre na última sexta-feira do mês de novembro com o objetivo de esvaziar estoque de produtos dos lojistas antes da temporada de Natal.
Originalmente criada nos Estados Unidos, a promoção foi criada para oferecer descontos imperdíveis de mais de 50% no preço de tabela dos itens à venda. Desde 2010, a promoção também foi incorporada pelo calendário do comércio brasileiro. O problema é que os preços por aqui não baixam tanto e muitas vezes a propaganda oferta descontos irreais de até 90%. No Brasil, a Black Friday passou a ser chamada de Black Fraude, o que afeta a confiança de consumidores para a data.
Apesar de haver descontos e promoções reais, a baixa confiança dos consumidores é fato no Brasil. Uma pesquisa com 23,5 mil internautas do site Reclame Aqui aponta que 48,8% consideram a data uma “Black Fraude”. De acordo com Edu Neves, CEO do Reclame AQUI, na pandemia, a Black Friday ganha contornos cada vez mais peculiares “porque a gente está vivendo especialmente no Brasil uma trajetória de inflação em alta, dos preços aumentando.
E isso é percebido pelo consumidor, o que adiciona à tradicional desconfiança de não encontrar grandes descontos na Black Friday uma percepção de que os preços só vão aumentar e que vai ser muito difícil ter grandes promoções.”
No evento de 2020, entre as reclamações feitas pelos consumidores, 27% foram sobre propaganda enganosa, ou seja, oferta diferente do preço efetivo ou aumento repentino de preço na véspera.
Entre aqueles que pretendem fazer compras em novembro, a maior parte busca eletrônicos, eletrodomésticos, roupas, calçados e smartphones ou computadores. As lojas online são as preferidas para 6 a cada 10 respondentes, seguida pelas lojas físicas, redes sociais e, por último, compras por meio de mensageiros (WhatsApp e Telegram).
Os golpes durante a Black Friday podem ser de duas naturezas: a elevação de preços na véspera, conhecida como Black Fraude, ou o cibercrime, golpes para roubar dados financeiros dos consumidores. Nos dois casos, o consumidor acredita estar estabelecendo uma relação de confiança, mas está sendo enganado. Saiba como evitar as fraudes e o que fazer caso venha a se tornar uma vítima.
Como evitar a Black Fraude na Black Friday
A melhor forma de evitar a indesejada situação de fraude nas compras de Black Friday é planejar a lista de compras com antecedência e fazer um monitoramento de preços. O ideal é que o consumidor saiba o que quer comprar na data um ou dois meses antes para poder comparar preços e fabricantes.
Outra estratégia é inserir os produtos da lista em um alerta de preços em sites como o Zoom, Buscapé e JáCotei antes de fechar negócio. Os algoritmos vão monitorar a variação de preços e enviar por e-mail os melhores negócios nos melhores sites de e-commerce.
Como a fraude também pode estar configurada em preços abusivos de frete ou não aplicação de desconto no check out, o consumidor deve estar atento durante toda a jornada de compra e venda. Depois de concluída a transação, o pedido de estorno costuma ser mais demorado, estando entre as reclamações frequentes dos consumidores insatisfeitos.
O que fazer ao identificar uma Black Fraude?
Reúna o maior número de registros do processo de compra como imagem do anúncio, imagem do site de venda, print da tela do carrinho de venda, comprovante de compra e outras;
Acesse o espaço do Fale Conosco do site de e-commerce onde efetuou a compra e faça a reclamação oficial. Guarde o comprovante;
Procure sites como o Reclame Aqui e o consumidor.gov e registre o ocorrido. Muitas empresas aceitam negociar e resolver por intermédio da plataforma online;
Registre no Procon do seu Estado ou da sua cidade. A maior parte aceita notificações online.
O que fazer em caso de cibercrime na Black Friday?
Outra situação que exige atenção do consumidor é a segurança digital em relação à operação de compra online. Os cibercriminosos aproveitam as datas nas quais as pessoas estão mais predispostas a gastar para praticar estelionato, ou seja, convencer o consumidor a fechar um negócio vantajoso.
Mas lembre-se que se um negócio parece bom demais para ser verdade, provavelmente é golpe. O melhor a fazer é negociar pelos canais e com pessoas com as quais você já estabeleceu uma relação de confiança.
Deixe para experimentar novos negócios em outras ocasiões e com produtos de valores mais baixos. Mas, se você cair em um golpe de roubo de dados pessoais ou financeiros nesta época, não deixe de reunir o máximo de provas e registrar o boletim de ocorrência.
Cancele o cartão de crédito e troque todas as senhas importantes;
Reúna todos os registros de interação com os golpistas. A primeira mensagem enviada, a página de cadastro, prints de diálogos em mensageiros e qualquer outra informação relacionada;
Acesse o site da delegacia de polícia do seu Estado e faça um boletim de ocorrência, normalmente tipificado como estelionato ou outros crimes. Faça upload dos registros colhidos;
Denuncie os perfis falsos às plataformas mediadoras: WhatsApp, gerenciador de e-mails, Facebook, Instagram, Telegram;
Compartilhe o golpe com a sua comunidade de amigos e familiares e monitore o uso do seu CPF para agir imediatamente caso seus dados sejam usados para contrair empréstimos ou outras dívidas no seu nome.
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