Finanças comportamentais: a chave para o sucesso financeiro
Descubra como transformar o comportamento diante do dinheiro por meio do entendimento das finanças comportamentais.
Autor: Fabiana Ramos
Publicado em 03 de fevereiro de 2023
Maria nunca foi muito boa em lidar com dinheiro e sempre teve dificuldade em gerenciar suas finanças. Todo mês a mesma história: acabava gastando mais do que ganhava. Ela sabia que precisava mudar suas atitudes em relação ao dinheiro, mas não sabia como. Até descobrir as finanças comportamentais.
Ela aprendeu que muitos dos seus problemas financeiros eram resultados de suas emoções e comportamentos inconscientes em relação ao dinheiro.
Com o tempo, Maria aprendeu a controlar suas compras impulsivas, fazer orçamentos mensais e investir de forma mais consciente. Também descobriu que a chave para o sucesso nas finanças era a combinação de conhecimento financeiro com a compreensão de suas próprias emoções e comportamentos.
Graças às lições de finanças comportamentais, Maria conseguiu finalmente alcançar a estabilidade financeira e viver uma vida mais equilibrada e tranquila.
O que são finanças comportamentais
A história de Maria é também a de muitas pessoas. Segundo pesquisa realizada pela fintech Onze, 7 em cada 10 brasileiros informam que o dinheiro é a maior angústia de suas vidas. Outra pesquisa, feita pelo Banco Central juntamente com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), conclui que 70% da população gasta todo o dinheiro que ganha.
E o que essa informação tem a ver com finanças comportamentais? Tudo.
A maioria das pessoas não está ciente de que seus comportamentos financeiros são influenciados por emoções e crenças inconscientes. Por exemplo, muitas vezes gastamos dinheiro impulsivamente como forma de compensar nossos sentimentos negativos ou para nos sentirmos melhor. Isso pode nos levar a gastar mais do que podemos ou fazer escolhas financeiras ruins.
Essa é uma área crescente da psicologia financeira que estuda o comportamento humano em relação ao dinheiro. Ela procura entender como as emoções, atitudes e crenças influenciam as escolhas financeiras e ajuda as pessoas a alcançar metas relacionadas a dinheiro.
Isso inclui aprender a lidar com emoções financeiras negativas, fazer orçamentos e investir de forma consciente. Além disso, as pessoas podem aprender a criar hábitos financeiros saudáveis e a alcançar suas metas financeiras a longo prazo. Todo esse conjunto faz parte da educação financeira.
Como funcionam as finanças comportamentais
As finanças comportamentais estudam como os vieses afetam as decisões financeiras das pessoas. Elas se concentram em entender como as pessoas tomam decisões sobre gastos, poupança, investimento e dívida.
Ao compreender como as emoções e as crenças induzem as escolhas, as finanças comportamentais ajudam as pessoas a tomar decisões mais informadas e conscientes. Fornecem estratégias para lidar com desafios financeiros, como a tendência de gastar mais do que se ganha ou evitar o investimento devido ao medo do risco.
Algumas dicas de finanças comportamentais incluem:
fazer um orçamento e segui-lo rigorosamente;
evite compras impulsivas;
ter metas financeiras claras e realistas;
diversificar uma carteira de investimentos;
evitar comparação social;
ser paciente e evitar tomar decisões financeiras baseadas em emoções.
Vieses comportamentais
Vieses são distorções ou erros de julgamento que influenciam a forma como as pessoas tomam decisões financeiras.
Existem pelo menos 180 vieses já catalogados em estudos, e aqui nós falaremos sobre 5 deles.
Alguns dos vieses mais comuns incluem:
- Viés de ancoragem
Tendência humana de basear as decisões em um ponto inicial (ou "âncora") em vez de avaliar todas as informações disponíveis de maneira objetiva. Isso pode levar a escolhas pouco precisas ou irracionais.
Exemplo: alguém quer comprar um carro usado e encontra um modelo pelo preço de R$22.000 em uma cidade vizinha. Vai a uma loja, faz uma oferta de R$18.000, mas o vendedor rejeita. Em vez disso, o vendedor sugere o valor de R$20.000. Embora esse preço seja maior que aquele sugerido pelo comprador, este pode estar inclinado a aceitar, pois ainda é menor que o preço originalmente sugerido pelo vendedor.
Nesse caso, o preço inicial de R$22.000 funcionou como uma "ancoragem" para as negociações, levando a uma decisão de compra por um preço mais elevado que o proposto pelo interessado.
- Viés de confirmação
Tendência das pessoas em procurar, interpretar e lembrar informações de maneira que confirmem nossas crenças e opiniões prévias. Isso pode levar a uma distorção na avaliação de novas informações e uma falta de abertura a ideias divergentes, limitando o pensamento crítico.
Exemplo: alguém está considerando abrir um negócio próprio, mas não está certo sobre a viabilidade do negócio. Ele pode estar inclinado a buscar informações que confirmem suas crenças iniciais, ignorando ou minimizando informações que sugiram o contrário.
Pode haver busca por informações que apoiem a crença de que o negócio será bem-sucedido, mas rejeição às informações sobre possíveis desafios ou ameaças.
Esse viés pode levar a uma avaliação equivocada do risco do negócio e a decisões financeiras imprudentes.
- Viés de disponibilidade
Tendência humana de basear julgamentos e decisões em exemplos facilmente disponíveis na memória. É importante reconhecer que a memória pode ser seletiva e que exemplos recentes ou impactantes podem ter um peso excessivo na formação de opiniões.
Exemplo: um investidor pode ler a história de uma empresa que está tendo resultados financeiros positivos e imediatamente querer investir nela, sem considerar outros fatores importantes, como sua posição financeira de longo prazo, concorrência ou balanços contábeis.
- Viés de previsão
Tendência de as pessoas subestimarem a quantidade de incerteza e mudanças futuras em suas previsões e estimativas. Isso pode levar a previsões excessivamente otimistas ou pessimistas e a uma má avaliação de riscos e oportunidades futuras.
Esse viés pode surgir por uma variedade de razões, como falta de informações completas, tendência de imaginar o futuro semelhante ao presente ou passado e crenças subconscientes e preconcebidas.
Exemplo: uma empresa de tecnologia pode prever que seus lucros continuarão a crescer rapidamente, com base em seu desempenho recente, mas sem levar em conta a possibilidade de novas tecnologias surgirem ou de a concorrência se intensificar.
- Fear Of Missing Out – FOMO (medo de ficar de fora)
O viés do FOMO (medo de perder) é a tendência das pessoas de se sentirem pressionadas a participar de uma tendência ou oportunidade por medo de perder a chance de ganhar. Esse viés é comum em situações financeiras, como investimentos em ações ou criptomoedas.
Exemplo: quando uma pessoa decide gastar dinheiro em um item de luxo, como um veículo caro ou uma viagem, porque seus amigos ou colegas estão fazendo o mesmo. Essa pessoa pode se sentir pressionada a gastar dinheiro para manter a aparência de sucesso financeiro e não ficar para trás, mesmo que essa despesa não esteja dentro do orçamento ou dos objetivos financeiros dela.
Ao compreender como esses vieses afetam nossas decisões financeiras, podemos trabalhar para corrigir essas distorções e tomar decisões financeiras mais informadas. Algumas dicas incluem:
• busque informações precisas e confiáveis antes de tomar decisões financeiras.
• analise várias fontes de informações para evitar o viés de confirmação.
• tenha metas financeiras claras e realistas.
• considere todas as informações relevantes antes de tomar decisões.
• trabalhe com um profissional financeiro para obter ajuda com as decisões financeiras.
Ao compreender e corrigir os vieses em suas decisões financeiras, as pessoas podem melhorar os hábitos que têm em relação ao dinheiro e fazer escolhas mais conscientes.
Em resumo, as finanças comportamentais oferecem uma abordagem única e eficaz para o gerenciamento financeiro. Ao compreender as emoções e comportamentos existentes, as pessoas podem aprender a controlar suas escolhas financeiras, alcançando estabilidade e um futuro financeiro mais saudável.